Em agosto de 2019 o Brasil vivenciou a maior tragédia ambiental de sua história, em extensão.
Mais de 5 mil toneladas de óleo invadiram as praias, inicialmente do Nordeste, e se espalharam por toda a costa brasileira, em cenas que chocaram o mundo.
A origem do óleo até hoje é desconhecida, mas o que ficou evidente foi a demora do Governo Federal para agir e impedir que a tragédia tomasse a proporção que tomou. O presidente da República, Jair Bolsonaro, demorou mais de um mês para agir.
Nesse meio tempo, seus apoiadores começaram a espalhar mentiras e teorias infundadas sobre a origem do problema, com o intuito de desviar o foco sobre a irresponsabilidade do governo brasileiro no caso, já que a Petrobras teria condições de colocar em prática ações para conter o desastre logo no começo.
Em partes, a omissão pode ser explicada por uma política que se consolidou de 2016 para cá: o governo tem feito a Petrobras reduzir os investimentos na proteção ao meio-ambiente.
Desmonte
Desde a subida de Michel Temer ao poder, a verba destinada para projetos socioambientais da Petrobras (o que inclui o constante monitoramento da costa brasileira) caiu quase 75%.
A média de investimento da estatal nessas áreas, entre 2012 e 2015, foi de R$ 1,4 bilhão. Já nos últimos quatro anos despencou para R$ 383 milhões.
Um dos principais impactos foi a redução do número de Gerências de Articulação e Contingência da Petrobras (que têm a função de monitorar e prevenir tragédias ambientais) de cinco para apenas três. Com menos estrutura, o monitoramento ficou enfraquecido e o litoral brasileiro mais vulnerável a desastres ambientais.
É mais uma prova de que o atual governo de Jair Bolsonaro, além de incentivar uma política ambiental predatória, desmonta os principais mecanismos de preservação, incluindo aqueles que dependem da Petrobras.
Estratégica
Por ser uma empresa estatal, a Petrobras pode atuar alinhada com projetos públicos de longo prazo e de maneira constante. Como o objetivo final da empresa não é apenas o lucro, medidas de preservação ao meio-ambiente sempre fizeram parte do portfólio de ações da Petrobras.
E isso vai desde políticas no dia a dia da empresa, como projetos de reutilização de água, rigorosos processos de licenciamento ambiental e redução da emissão de gases causadores do efeito estufa, até projetos maiores, em parceria com universidades, institutos de pesquisas e comunidades indígenas.
Só em 2019, por exemplo, os projetos da Petrobras tiveram ação direta na conservação de 100 mil hectares de florestas e fortaleceram a gestão em 35 milhões de hectares em áreas produtivas. A estatal ainda participa de mais de 20 projetos em todo o país com foco na proteção de espécies e ecossistemas brasileiros, especialmente da biodiversidade marinha e costeira.
O problema é que a participação e o financiamento vêm reduzindo ao longo dos últimos anos.
Energia renovável
Além de todos esses projetos, a Petrobras vinha sendo responsável por fortes investimentos em biocombustíveis, que é uma matriz energética ambientalmente limpa.
Entre as iniciativas da subsidiária Petrobras Biocombustíveis (PBio) está a Usina de Biodiesel de Montes Claros, em Minas Gerais. Inaugurada em 2009, a unidade gera renda para aproximadamente 9 mil famílias da região, na produção de energia limpa.
Mesmo assim, a Petrobras já anunciou que pretende vender a usina de Montes Claros para a iniciativa privada.
E dando sequência ao enfraquecimento das políticas ambientais, a Petrobras vendeu sua parte nas usinas eólicas Mangue Seco 3 e 4, que faziam parte de um complexo de quatro parques eólicos em Guamaré, no Rio Grande do Norte.
Políticas ambientais são fundamentais para o futuro da humanidade e sempre tiveram forte papel dentro da Petrobras.
Nos últimos anos são seguidas as decisões do governo para desmontar essas iniciativas e enfraquecer os históricos investimentos da estatal na conservação do meio-ambiente.
A Petrobras sempre cuidou do povo brasileiro e lutou pela preservação ambiental. É nosso dever lutar contra o enfraquecimento das políticas ambientais da maior empresa brasileira.